O ano de 2020 será memorável. Iniciamos com a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre isolamento social devido à pandemia Covid-19. Para os mineiros que estavam se recuperando de rompimento de duas barragens catastróficas, além de estragos nunca vistos por chuvas fortes. E de repente, mudamos nossos hábitos quase que da noite para o dia.
Pais (que podiam) começaram a trabalhar dentro de casa. Aulas coletivas foram interrompidas. Nas primeiras semanas, houve um silêncio, pois ninguém sabia o que fazer, mas depois de duas semanas as escolas particulares iniciaram as aulas remotas. Fato é que crianças e adolescentes estão envolvidos num ensino remoto mais de quatro horas por dia. Muita escolas não estão oferecendo nenhum tipo de aula.

As escolas particularesusam plataformas de encontro: Zoom, Teamlink, Google Meet e outros para o diálogo com as crianças. A plataforma da Google, Classroom é viável para disponibilizar material em PDF de leitura, orientações para atividades e vídeos conteudistas.
Aquelas instituições que utilizam material de sistema estão dando continuidade ao ensino, orientando quanto ao acesso e aprendizagem, como Positivo, Bernoulli, Conquista e outros. As iniciativas no início foram isoladas e havia um desconhecimento sobre se de fato estas aulas seriam reconhecidas na carga horária do ano letivo.
Em abril de 2020, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou, por unanimidade, as diretrizes para orientar escolas da educação básica e instituições de ensino superior durante a pandemia do Corona vírus. Foi elaborado um documento com orientações e sugestões para todas as etapas de ensino, da educação infantil à superior. O parecer foi elaborado com a colaboração do Ministério da Educação (MEC).
Foi orientado sobre a educação infantil a aproximação virtual dos professores com a família de forma a estimular a criança a brincar. Para o ensino fundamental, anos iniciais, sugere-se que as instituições orientem as famílias com roteiros práticos e estruturados para acompanharem a resolução de atividades pelas crianças. No ensino fundamental anos finais e ensino médio, deve propor realização de atividades que podem ser feitas por meio de orientações e acompanhamentos com o apoio de planejamentos, metas, horários de estudo presencial ou on-line, já que nesta etapa há mais autonomia por parte dos estudantes. Neste caso, a orientação é que as atividades pedagógicas não presenciais tenham mais espaço. Entre as sugestões de atividades, está a distribuição de vídeos educativos. Fato é que crianças tem estado a frente de telas acima de quatro horas.
Em 2019, a OMS disponibilizou diretrizes sobre o acesso de crianças a dispositivos eletrônicos como televisão, tablets, notebooks e computadores. O alerta foi principalmente para crianças abaixo de cinco anos.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em concordância emitiu uma nota de alerta em 13 de maio de 2020, esclarecendo sobre o perigo da exposição prolongada. A responsabilidade da permissão da criança e do adolescente às plataformas digitais não são restritas a demanda escolar, pois lembrando que após as aulas, os estudantes querem brincar com os joguinhos digitais e soma-se mais tempo a exposição indevida.
American Academy of Pediatrics (AAP) recomenda que o tempo de exposição de crianças abaixo de seis anos à tela não ultrapasse 2 horas por dia, com conteúdos educativos e adequados para a faixa etária.
E qual é o tempo recomendável? Não há um consenso sobre o tempo exato, mas recomendam-se duas horas diárias para crianças do ensino fundamental. Os implicadores da exposição excessiva é o risco para comportamento sedentário, para doenças cardiovasculares e metabólicas em adultos e nas crianças pode causar obesidade, maior pressão arterial e problemas relacionados à saúde mental, além de reduzir o tempo de interação social e familiar e favorecer exposição a conteúdos impróprios.

E qual a dica pedagógica para os pais e professores? Que os professores mantenham as aulas remotas, até porque não existe outra forma de atuação neste momento, mas que trabalhe sempre com a fragmentação. Ofereça aula de 20 minutos e dê exercícios de fixação. A exposição de conteúdos on line é muito mais cansativa. Utilize recursos visuais mais atrativos, como vídeos e compartilhe na tela imagens. Dependendo da idade, peça que faça atividades motoras. Desta forma, a criança sai um pouco de frente da tela.
E os pais? precisam de reduzir o tempo da criança nos jogos digitais. Lembrem-se que agora, as crianças estão diante de telas digitais e elas precisam pensar, raciocinar o que é muito diferente de alguns jogos. Então redução é a palavra chave.
Enfim, é comum que as crianças distraiam mais neste período, pois até então não estavam acostumadas com a metodologia das aulas a distância, mas caso perceba que a criança está muito irritada, totalmente desmotivada, uma avaliação pedagógica para orientação quanto ao aprendizado é recomendável.
Referência
American Academy of Pediatrics. Children, Adolescents, and the Media. Pediatrics 2013; 132 (5): 958–961.
Organização Mundial da Saúde. (2019). Diretrizes sobre atividade física, comportamento sedentário e sono de crianças menores de 5 anos. Organização Mundial de Saúde. Disponível em < https://apps.who.int/iris/handle/10665/311664 > Acesso em 03 jun. 2020. Licença: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.
SBP. O ano letivo de 2020 e a Coovid-19.
Disponível em< https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22514c-NA_-_O_Ano_Letivo_de_2020_e_a_COVID-19.pdf > Acesso em 03 jun. 2020.

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